A Máquina de Moer os Dias. Iluminuras, 2023. 162p.
Neste A máquina de moer os dias, o autor está decidido a narrar o exílio (e também o asilo) dos seus personagens, agarrados a fiapos de fala – elemento caro aos psicanalistas. Contudo, a psicanálise é um tipo de literatura, de sinais trocados. Se Vapor barato está para a tal “teoria da alma”, este A máquina de moer os dias dá todos os sinais do caso psiquiátrico. Crônico. Nacional. Sua “sintaxe da loucura”.
E, em vez da retórica, do discurso e da catarse mediada, Wilson prefere nos colocar no hiato dessas falas, seus personagens viajando no tempo.
Este romance é sobre o lapso, a lacuna, o silêncio. (Sidney Rocha)
“Ao final, o leitor descobrirá o destino ficcional dessa tentativa utópica de “resistir à inexistência”, para então descobrir também que Wilson Alves-Bezerra escreveu a primeira distopia da era em que a catástrofe que está sendo arquitetada no Brasil de hoje já se realizou.” (Manuel da Costa Pinto, jornalista)
“Em suas 160 páginas somos abismados com a loucura, a dor, a vontade de redenção e o tempo, numa teia complexa onde o que se desenha é um tanto da história do Brasil, sob o prisma visceral de alguém que num dado momento quis transformar a história desse país.” (Gledson Sousa, Ruído Manifesto)
2021. ALVES-BEZERRA, Wilson. Malangue Malanga (poetry). São Paulo: Iluminuras, 70 p.
“André Breton sugere uma escrita a partir do entreouvido, das vozes flutuantes captadas enquanto se transita pela urbe. Abandonou esse caminho, em favor da captação das vozes do inconsciente freudiano. Wilson Alves-Bezerra o retoma.” (Cláudio Willer. O Estado de S. Paulo)
“Un experimento rítmico babélico, escrito en un dialecto en permanente construcción. Un libro en que perderse, dejándose llevar por el flujo del lenguaje, como sentados en una guagua que cruza los barrios de una de nuestras ciudades aluvionales y desordenadas y sigue el pulso de la vida.” (Daniel Bellón, Islas en red)
“O diário de Alves-Bezerra é uma galáxia à moda Haroldo de Campos, mas uma galáxia que quer que a América Latina seja seu centro (ou melhor, a sua Via Láctea), unida pelo portunhol. Bezerra dialoga, é claro, com Wilson Bueno, Douglas Diegues e outros escritores que se dedicaram e se dedicam ao portunhol, língua franca que torna completamente porosa a fronteira do Brasil com o mundo. Mas a galáxia do poeta se expande para outras experiências linguísticas, como o spanglish, um francês macarrônico e mesmo um português que está longe de ser homogêneo. Chega-se, assim, a uma “No man’s langue” que, por não pertencer a ninguém, abre as portas para todos.” (Dirce Waltrik do Amarante & Sergio Medeiros, orelhas do livro)
2019. ALVES-BEZERRA, Wilson. O Pau do Brasil (poetry). 2nd portuguese edition. Pontevedra: Urutau, 250 p. ISBN: 9788571050266.
“Um livro dinâmico, aumentado. Um livro vivo que cresce desde 2016. É um trabalho em progresso. Um livro do desassossego, onde a poesia grita e acusa, afronta e exige.” (Luis Caetano, RTP – Antena 2. Portugal)
Wilson consegue criar um forte documento político, de intervenção e relato, sem cair no risco do panfletário ou do partidário. (Sergio Cohn, Azougue)
Nossa primeira distopia do Terceiro Milênio tropical. Leitura tão
necessária quanto foi a leitura dos romances Não verás país
nenhum (Ignácio de Loyola Brandão) e Adaptação do funcionário Ruam (Mauro Chaves) no final do milênio passado.
— Valerio Oliveira, poeta
É um livro difícil de ser descrito: uma coletânea de fragmentos (ele chama, com muito sentido, de poemas) de muitas origens e gêneros diferentes, fazendo uma espécie de painel oswaldiano da nossa degradação contemporânea. (...). Eu recomendo muito.
— Ricardo Lísias, escritor
Diante de um país travestido numa babel de vozes dissonantes, na encruzilhada de um destino que não oferece outra alternativa senão a tentativa desesperada de fugir ao caos e renascer, como Fênix, dos escombros de que somos vítimas, esse livro é uma
insurgência e também um farol.
— Ronaldo Cagiano, Correio Braziliense
“O pau do Brasil é livro polêmico de nascença. (...). Lenha na fogueira que já vai com fogo alto. O autor é contundente, ferino
e não tem papas na língua! Traduz a indignação e a revolta de
milhões e milhões de brasileiros que estamos nessa situação
vexatória de baderna geral.” (Krishnamurti Goes dos Anjos, Cronópios)
O livro de Wilson é “uma arma carregada de futuro” (Gabriel Celaya), não porque sua poesia aponte um caminho, mas porque ela desafia, desestrutura e bota de ponta-cabeça a violência maniqueísta dos discursos provindos do circo do absurdo que tomou conta do Brasil a partir de 2016. (Alejandro Reyes, Radio Zapatista. México)
2018. ALVES-BEZERRA, WILSON. Vapor Barato (novel) São Paulo: Iluminuras, 141 p.
“Curiosamente, é neste momento em que as utopias parecem arrefecidas que elas encontram uma brecha para firmar-se como ponto de estofo, de tal modo que se poderia dizer que Vapor barato procura – enquanto obra literária – ser de um lado o desconforto, a denúncia do quadro mencionado acima, e de outro seu ponto de estofo.” (Diana Junkes, Revista Cult)
“Bezerra tomou para si uma gigantesca empreitada narrativa. Transpor tudo que é relevante por si mesmo, digno de ser narrado literariamente, em fala. Tudo é fala. O mais impressionante é que o leitor consegue acessar, digamos, os humores dos personagens – embora sequer tenha a descrição do ambiente, se é escuro, claro, se as sessões ocorrem de noite ou de dia, entre outras particularidades que inicialmente seriam relevantes para a narrativa como um todo. “ (Faustino da Rocha Rodrigues, O Estado de S. Paulo)
Páginas Latino-Americanas - resenhas literárias (2009-2015). Rio de Janeiro / São Carlos: Oficina Raquel / EDUFSCar, 298 p.
A literatura latino-americana é um espaço peculiar de investimento estético, político e identitário em questões centrais para os países desse continente, ou melhor, desse lugar plural, geográfica e culturalmente cheio de afinidades e diferenças internas. Às literaturas latino-americanas dedicam-se os textos aqui reunidos, todos escritos a partir de livros ou de alguma circunstância específica, o que os leva a tocar o panorâmico a partir do particular. E é justamente um vasto panorama da literatura feita do Uruguai ao México, passando pelo Brasil, que nos apresenta Wilson Alves-Bezerra ao reunir, neste livro, as resenhas literárias que escreveu para alguns dos principais veículos brasileiros de comunicação de massa, entre 2009 e 2015. Páginas latino-americanas é uma viva conversa com ótimos interlocutores, desde a tradição de Quiroga, Borges, García Márquez etc., até a contemporaneidade de autores que enfrentam o desafio de escrever hoje.
“um fascinante e necessário diálogo com grandes autores latino-americanos.” (Edson Cruz, www.musarara.com.br)
“É um tipo de crítica que anda fazendo muita falta: atenta ao contemporâneo, sem sedução pelo mercado, com fundamento teórico e muita comunicação com o leitor. Devolve a literatura para seu bom lugar, uma conversa inteligente sobre a vida e as pessoas.” (João Paulo Cunha, Ex-editor do caderno Pensar, de O Estado de Minas)
2015. ALVES-BEZERRA, WILSON. Vertigens (poetry) São Paulo: Iluminuras, 72 p.
“É uma escrita do outro lado, radicalmente do avesso, antagônica com relação à linguagem instrumental. Por isso, análoga ao delírio: “A varanda com vista à loucura é onde agora fico, contemplando a miséria de uma língua só travas que não pode mais tecer utopias ou gritos.”” (Claudio Willer, “Prefácio”)
“Os fragmentos de Vertigens despejam as suas imagens a partir de um erótica que mama de vários leites estrangeiros e, centralmente, da poesia como estrangeira da língua, ou da poesia entendida como exercício de “exílio” da prosa. O resultado: um português gozosamente inventado e, portanto, desencaixado de todo imaginário de correção e regionalização, dúctil para acompanhar a fluência de cenas de uma corporalidade fugidia e nua.” (Pablo Gasparini, orelhas)
“Aí está o lance premente: permitir que a obra se faça em progresso e incorpore o escritor, a animalidade, em seus júbilos e estertores, uns ligados aos outros.” (Moacir Amâncio, O Estado De S. Paulo)
2013. ALVES-BEZERRA, WILSON. Histórias Zoófilas e outras atrocidades. São Paulo / São Carlos: Oitava Rima / EDUFSCar, 164 p.
“Histórias Zoófilas traz 19 narrativas impressionantes, povoadas de bizarrices e dominadas pelo registro cultural de diferentes regiões das Américas. O contista consegui atravessar com elegância a sombra de Borges e Rosa, para encontrar do outro lado seu próprio modo de expressar o grotesco da existência miúda.” (Luiz Brás, Folha de S. Paulo)
“De algum modo o autor parece refletir o velho e bom Sade, enfim um escritor para escritores e filósofos, ao evocar o mal imanente. (...) O que corresponderia ao estilo preciso, "sob controle", do contista, como se manejasse um bisturi afiadíssimo, ágil, sutil.” (Moacir Amâncio, O Estado de S. Paulo)
“Dono de um estilo elegante, Wilson se apresenta, neste livro, como grande contista, pronto a se igualar a outros grandes nomes de nossa literatura. Um belo livro, que dá prazer de ler, e material para refletir.” (Marli Berg, Blog Literatura em blocos)
“Os personagens de Histórias zoófilas vivem presos a um mundo tomado pelo animalesco, muitas vezes fantástico, e por atrocidades de feras. Nada é o que parece à primeira vista, em tudo cabe outro olhar, mais fundo e perscrutador”
(William Lial. Rascunho)
“Não há nada de mediano nestas histórias que se constroem com as figuras do excesso e da falta, a zoofilia aqui é um olhar que se elva agudo como estilete que desce cortando os zeros tenros como ovos” (José Luis Martínez Amaro, orelhas do livro)
2012. ALVES-BEZERRA, Wilson. Da clínica do desejo a sua escrita. Incidências do pensamento psicanalítico na escrita de alguns autores do Brasil e Caribe (1918-1990). Campinas: Mercado de Letras / FAPESP, 352 p.
“Há na psicanálise, desde sua origem, uma interrogação sobre o desejo: Lacan enuncia por diversas vezes que a pergunta Was will das weib? (o que deseja uma mulher?) teria acompanhado Freud ao longo de mais de trinta anos. Dessa interrogação surge – como a pergunta partilhada no final do século XIX entre Breuer e Freud diante da cama das histéricas – uma clínica que visava dar conta do sofrimento psíquico, aquele que não deixa encontrar no corpo orgânico uma causa cabal do mal que aflige o paciente. (...)
É da suposição de que as ideias, inclusive as psicanalíticas, viajam, deslocam-se, e são apropriadas de forma distinta em discursos diversos, que parte este trabalho. O desterrar-se das ideias em geral, e das ideias psicanalíticas em particular, não se limita a seu curso geográfico em torno ao globo; no caso da psicanálise, assistimos, ao longo do século vinte, a um deslocamento da clínica à etnografia, à sociologia, à literatura, ao teatro, ao cinema, ao mercado, numa palavra, da clínica à cultura. Mas, há que se perguntar: A questão fundadora da psicanálise – aquela que procura dar conta do desejo, e de dizer algo do sofrimento humano – a incômoda pergunta que surge como razão de ser da psicanálise, ao passar para o lado da cultura, manteve-se ou não a mesma? (...) Dito de outra forma, de clínica do indizível pela fala a artefato partilhável da cultura, o que passou de um lado a outro? Tal pergunta é guia que conduz para um ponto cego, algo que poderá ser, quiçá, melhor falado ao final destas linhas. O que podem falar sobre o desejo, à maneira da psicanálise, o teatro, a teoria, a literatura?”
“Da clínica do desejo a sua escrita propõe um mapeamento da chegada do pensamento psicanalítico em duas regiões das Américas: Brasil, a partir dos anos vinte, e Caribe, a partir dos anos 40. Discute-se a presença e a produtividade do pensamento de Freud na discussão intelectual paulistana, através de autores como Mário de Andrade, com suas edições anotadas de Freud em francês, cotejando-as com sua literatura. Daí parte-se ao Rio de Janeiro, com a particular incidência da psicanálise na obra do dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues, que soube como poucos fazer um pastiche do pensamento de Freud e, ao mesmo tempo, alcançá-lo noutra instância pela via do trágico. Do Caribe recolhe-se o fermento de Freud e Lacan na obra de Frantz Fanon, que se valeu da apropriação da psicanálise para interrogar o conflito racial e a descolonização africana. Finalmente, o périplo se encerra em Cuba, através de exilados como Severo Sarduy, cuja leitura de Lacan, estabelecida em proximidade com o grupo parisiense da revista Tel Quel sugere um acirramento de posições arraigadas de um catolicismo natal. As diversas apropriações do pensamento psicanalítico dão mostra de uma produtividade outra das ideais de Freud e Lacan na escrita destes autores. Cabe-nos mostrar como o desejo se configura em cada um deles.”
2008. ALVES-BEZERRA, WILSON. Reverberações Da Fronteira Em Horacio Quiroga. São Paulo: Fapesp Humanitas, 212p.
Obra crítica precursora no Brasil sobre o contista uruguaio-argentino Horacio Quiroga (1878-1937). Publicada pela primeira vez em 2008, pela editora universitária Humanitas, com financiamento da FAPESP. No ano de 2021 foi traduzida ao espanhol e publicada no Uruguai pela
+Quiroga Ediciones. A obra aborda, pela categoria de fronteira, tomada a partir de Angel Rama (1982), os níveis ideológico, narrativo e linguístico da contística do autor. Para fazê-lo, faz revisão da fortuna crítica e debate com os principais críticos de Horacio Quiroga, como Ángel Rama, Noé Jitrik, Emir Rodríguez Monegal e Pablo Rocca. O livro será relançado em breve pela EDUFPR, no Brasil, e em inglês pela Cambridge Scholars.
Copyright © 2025 Wilson Alves-Bezerra – Todos os direitos reservados.
Usamos cookies para analisar o tráfego do site e otimizar sua experiência nele. Ao aceitar nosso uso de cookies, seus dados serão agregados com os dados de todos os demais usuários.